Vera Maria Candau (organizadora)
Editora Vozes, 23 ed, Petrópolis, 2004
- Resumo -
O livro A Didática em Questão é uma
coletânea de trabalhos apresentados em um seminário promovido pelo Departamento
de Educação da PUC do Rio apoiado pelo CNPq.
Os textos apresentados no livro mostram que o “grande desafio da
Didática é desenvolver a capacidade critica em formação dos educadores para que
eles possam analisar de forma clara a realidade do ensino. Articular os
conhecimentos adquiridos sobre o “como” ensinar e refletir sobre “para” quem
ensinar, “o que” ensinar e o “por que” ensinar é um dos desafios da Didática.”
A Didática é um campo em constante
construção e/ou reconstrução, de uma práxis que não tem como objetivo ficar
pronta e acabada e sim articular as diferentes dimensões do processo de ensino
– aprendizagem. É nesta perspectiva que se situa a Obra a Didática em Questão.
O primeiro capítulo cuja autoria é da própria
organizadora do livro Vera Candau (p.13-24). Ela faz uma análise crítica da
relação da Didática com a educação. Candau observa que os educadores foram e
são os personagens do processo histórico da educação e que são influenciados
pela mesma. Por isso surge a grande necessidade de entender a educação no
passado, ou seja, conhecer as tendências que influenciaram e vem influenciando as
práticas de ensino-aprendizagem. A formação do educador tem uma história, sendo
assim tem passado, vive o presente e está sempre levantando algumas
perspectivas para o futuro. Três tendências pedagógicas influenciam a prática
docentes são elas, a tendência Pedagógica
Tradicional, a tendência Escolanovista
e a tendência Progressista Crítica.
Atualmente, o presente e o futuro são
importantes na concepção de formação do professor que passou a ser pesquisador,
por isso a pesquisa deve estar presente na
formação dos docentes. Sendo assim, Vera Candau propõe que o papel da Didática
atual “é superar a Didática exclusivamente instrumental e construir uma Didática
fundamental.”
Outra assunto da obra é o
tema O Papel da Didática na Formação do Educador,
(p. 25-34), capítulo esse escrito por Cipriano Carlos Luckesi pesquisador na UFBA
que já inicia se declarando um apaixonado pela educação. Mesmo não sendo
professor de Didática, o autor afirma que entende que a Didática é de suma
importância na formação do educador e nas suas praticas educacionais. Esse
autor propõe que se coloque o educador como sujeito e não como objeto, lançando
um “novo olhar” para Didática, uma vez que “todos somos educadores e educandos
ao mesmo tempo. Ensinamos e somos ensinados, numa interação continua, em todos
instantes de nossas vidas.” (LUCKESI, 1986, p.26).
Por fim, podemos observar que a disciplina
da Didática precisa passa por mudanças urgentes, como afirma Luckesi em sua
fala: “A Didática, ao exercer o seu papel especifico, deverá apresentar-se como
elo tradutor de posicionamento teórico em praticas educacionais.” (p.34)
No segundo capítulo do livro (p.37-42), o
autor Carlos Alberto Gomes dos Santos da PUC/RJ aborda outras questões no texto
intitulado Pressupostos Teóricos da
Didática. Santos levanta algumas questões sugerindo que a Didática não pode
ser vista enquanto teoria e técnica de forma isolada, e sim aliada a outras
ciências tais como: Psicologia, Filosofia, Sociologia e outras como estamos
estudando no decorrer do curso de Pedagogia. Essa interação dos saberes, segundo o autor, deve fazer considerações à ordem, à ética e aos valores. Sendo assim, a prática
educativa não se limita à transmissão e à recepção de conhecimentos, pois esses
procedimentos não podem ser vistos como atividade neutra, isenta de
pressupostos. O importante não é a Didática como a vemos de modo estanque, o
importante é o fazer pedagógico.
O
capítulo seguinte do livro da autoria de Oswaldo Alonso Rays aborda uma problemática referente à prática educativa
vivida diariamente pelo professional. Esse docente, ao longo de seu trabalho,
ensina, aprende e modifica seu pensar, pois revisa constantemente e
criticamente seu ensino frente à realidade do nosso país. Adotando essa
atitude, o discurso e a pratica pedagógica se renovam e o resultado obtido é a
melhoria na educação.
Seguindo essa linha de pensamento, o autor deixa bem elucidado que a
educação e o educador se renovam porque aparecem desafios e com eles novos
procedimentos de ensino. De nada adiantaria falar dos teóricos se não
entendêssemos de fundo as contradições e de que forma foram
produzidos os conhecimentos. Isto, segundo Rays se torna possível através das
pesquisas incorporadas à prática docente que traz consigo uma visão crítica da
realidade.
Ao analisar criticamente o ato de educar, o docente questiona o processo
ensino-aprendizagem e é capaz de perceber que uma vez que a literatura adotada
nas escolas têm um espaço critico. Uma atitude investigativa também demonstra
ao docente que falta a junção entre a teoria e prática por parte daquelas
pessoas que fazem questão de permanecer alienados e atrelados a uma filosofia do
senso comum que impede que ocorram profundas mudanças no processo social e
educacional, pois continuam com as mesmas palavras e os mesmos métodos.
Os verdadeiros educadores e educandos são diferentes, eles são conscientes
da sociedade na qual estão inseridos e não admitem a pedagogia do prato
feito. Ambos sabem que para o saber fazer didático ocorrer é preciso se
preparar ,analisar, procurar respostas e fazer estudos detalhados e minuciosos para o enfrentamento
de situações novas. Esta é a receita para que tenha sentido o processo
didático com caráter dialético capaz de tornar a aprendizagem significativa. Portanto,
se faz necessário planejar, gostar do que faz e pesquisar para ter uma boa
fundamentação teórica.
No capítulo Ensino por meio de solução de problemas da autora Margot Bertolucci
Ott da UFRGS a escola atual e sua
metodologia de ensino são problematizadas. Segundo a autora, a escola
contemporânea abandonou a ideia de ensinar através do desenvolvimento do
raciocínio, “para ocupar-se fundamentalmente com o ensino de conteúdos
fragmentados (...) que só sobrecarrega a mente do aluno” (OTT, 2001, p. 66)
Prosseguindo a análise da escola a autora
afirma que essa instituição encontra-se muito desvinculada da realidade social
e por isso não prepara o estudante para lidar com os problemas da comunidade.
Ao contrário, a escola exige do estudante uma adequação rígida e passiva que
apenas contribui para manter ideais já estabelecidos (OTT, 2001, p. 67).
Esse tipo de educação chamada de educação
por objetivos tem sérias consequências tais como “fazer com que o aluno perca a
visão da estrutura geral do conhecimento, se torne incapaz de vincular teoria e
prática por meio de processos de transferência e rouba toda a liberdade de
aprendizagem.” (OTT, 2001, p. 70).
Diante disso a autora propõe que as escolas
adotem um outro tipo de ensino esse chamado de ensino por meio de soluções de
problemas. “A escola deve partir do contexto problemático em que a comunidade
se vê inserida. Deve trabalhar problemas reais e concretos” (OTT, 2001, p. 67).
A consequência imediata desse tipo de ensino é a união da teoria com a prática
e o desenvolvimento de uma visão crítica em toda a comunidade escolar e extra
escolar.
Segundo Getzel (apud OTT2001, p. 73) o
ensino por solução de problema pode ser de três tipos básicos. “o tipo um é
quando tudo é conhecido pelo professor e só o resultado não é conhecido pelo
aluno. O tipo dois, quando o aluno não conhece o resultado, nem o método e o
professor conhece tudo, menos o resultado. O tipo três, quando aluno e
professor têm de construir tudo, tanto a respeito do problema, como método e
dos resultados”. Portanto, no ensino por solução de problemas o ensino se
desenvolve com participação de todos e o professor não é visto como o detentor
absoluto do conhecimento.
Outro aspecto que sofre alteração no ensino
por solução de problemas é a avaliação. Nesse caso, ela é natural acontece
quando no “contato do aluno com a experiência e na análise que realiza junto
com o professor” (OTT, 2001, p. 74). Assim sendo, não há necessidade de
introduzir um espaço artificial que quebre o processo de aprendizagem do aluno,
simplesmente para examinar as suas condições. A avaliação é a própria pesquisa do
estudante, porque a cada nova etapa ele precisa aplicar o que aprendeu na
anterior.
Uma dificuldade apontada pela autora para o
desenvolvimento desse tipo de ensino é a preparação de professores que precisam
ser estimulados para desenvolverem criatividade investigativa.
No capítulo seguinte de autoria da
professora da PUC-RJ Menga Lüdke o centro de interesse são os Novos enfoques da pesquisa em didática. A
autora traça um panorama histórico da pesquisa sobre didática em vários países
e com isso demonstra que houve uma significativa mudança de modos de se pensar
os fenômenos educacionais. No início do século XX o que pesquisadores como
Thorndike queriam encontrar meios de mensurar as funções intelectuais dos
alunos, com o passar do tempo isso foi se transformando a ponto de Gage,
estudioso positivista de Stanford, reconhecer em 1971 que a pesquisa em
educação tem objeto de estudo complexo e de difícil controle. Poucos anos
depois em 1979, Eisner, também estudioso de Stanford, abriu caminhos diferentes
na pesquisa educacional demonstrando “as consequências profundamente negativas
da segmentação do fenômeno educacional para fins de análise avaliativa”.
Eisner denunciou que o ensino estava muito
regido pelas leis da produção e que as avaliações de aprendizagem estavam muito voltadas para os resultados contábeis
tal qual havia sido pensadas nos moldes positivistas. Diante disso, Lüdke
(2001, p. 87) demonstra que as contribuições de Eisner estão sendo aplicadas no
ensino atual porque as avaliações vem “caminhando na direção desejada: a de
servir para a melhoria do ensino, e não como simples instância de julgamento”
(LÜDKE, 2001, p. 87).
Deposi de traçar o panorama histórico autora aponta alguns importantes problemas de
pesquisa que estão sendo desenvolvidos em didática:
- > Confluência de prática e teoria
- > Procura do saber desejado para os alunos vindos de diversas
camadas sociais
- > A necessidade de repensar a tecnologia educacional que deve
se preocupar em ser menos tecnológica e mais pedagógica
- > Busca de soluções para o ensino que sejam menos ambiciosas e
mais viáveis
> Identificar se há alguma relação efetiva entre resultados de
trabalhos pedagógicos e características inerentes aos docentes
- > Procura por entender de que maneira a experiência de vida do
professor quando era aluno influencia sua prática pedagógica.
- > Acompanhamento de abordagens alternativas de ensino para
evoluir a pesquisa em didática
- > Estimular registros adequados das práticas pedagógicas para
que se tenha material de análise para as pesquisas.
Segundo a autora, serão as pesquisas as responsáveis por se construir novas maneiras de pensar e
viver a didática na formação de professores.
O último capítulo
de Newton Balzan da UNICAMP dá seguimento à analise da pesquisa em Didática,
sob foco das Realidades e propostas.
O autor afirma que a construção de uma nova maneira de pensar e construir a
didática é necessário se desvencilhar de “modismos e jargões e da visão ingênua
sore problemas educacionais – desvinculados de problemática
político-pedagógica-econômico-social – e acima de tudo, descompromisso com a
própria Educação.” (BALZAN, 2001, p. 95).
Balzan critica a
estrutura fragmentária, conteudista e quantificadora da didática e do ensino
dos docentes nas escolas. Ele afirma que um ponto de partida para modificar
essas características é o envolvimento
dos problemas educacionais com os aspectos políticos, econômicos e sociais, uma
vez que eles “permeiam e ao mesmo tempo refletem o aspecto educacional”
(BALZAN, 2001, p. 103).
Outro ponto
apontado como fundamental para superar o atual estado das coisas é aprender que
há um paradoxo importante na prática pedagógica: os problemas que surgem em
sala de aula só pode ser resolvido em sala de aula, porém muitas fontes desses
problemas não têm suas origens na sala.
O autor também alerta
para a necessidade de superar uma posição errônea, a de que a didática é vista
como um receituário que salvará a educação brasileira. Segundo ele, essa ideia
se fundamenta no “pedagogismo errôneo, tendência segundo a qual a escola tem o
poder de mudar a sociedade, bastando, para isto, bons professores.
Balzan indica a
maior vinculação entre a teoria e a prática, o comprometimento com a realidade
social e o fomento da criação de uma imaginação criadora e investigativa como caminhos possíveis para se modificar a didática e o ensino em geral.

Bom dia!!
ResponderExcluirPessoal tenho urgência em saber se vocês têm algo da biografia de Margot Bertoluci Ott, estamos fazendo um trabalho da faculdade e não conseguimos nada ao seu respeito. Agradeço muito a contribuição de cada um.
Obrigada
Precisó do resumo deste resumo do texto
ResponderExcluirPara melhor compreensao